sábado, 30 de janeiro de 2016

Pequeno Dicionario da Cozinha Baiana

Verbete-Umbuzada 
A sede e a falta da água talvez seja a mais perversa realidade do Sertão, a falta de acesso a água potável e saneamento é uma realidade para a esmagadora maioria dos cidadãos. 
A água é o recurso natural mais abundante do planeta, de maneira quase onipresente, ela está no dia a dia dos 7.


Conhecendo bem esta realidade crua os índios Tupi -Guarani tinham um grande aliado a “árvore que dá de beber”, ou o “ymbu”, o umbuzeiro é também conhecido como imbuzeiro (nome cientifico: Spondias tuberosa). 
O seu fruto é o umbu ou imbu.uma referência a sua característica de armazenamento de água, especialmente da raiz, qualidade necessária para sobrevivência nos longos períodos de seca no seu habitat natural, a Caatinga. 

Mas como disse Euclides da Cunha, que intitulou o embuzeiro como a “árvore sagrada do sertão”, o sertanejo é, antes de tudo, um forte e sempre soube se valer dele para sua sobrevivência. Como a maioria das plantas na Caatinga, o umbuzeiro perde todas as suas folhas nos períodos de seca, mas volta a florescer assim que começam a cair as primeiras chuvas. 

A frutificação segue o mesmo percurso, estando os frutos maduros 60 dias após a abertura das flores. 
O Umbu é considerado a espécie de maior valor da Caatinga, seus frutos são comestíveis, podendo se equiparar às melhores frutas nacionais de onde se extrai a polpa, que pode ser usada em doce, suco, bebida refrigerante ou cachaça. Misturada ao leite e adoçada com açúcar ou rapadura, constitui a “imbuzada”, alimento preferido dos sertanejos, na época da frutificação dessa planta (MACEDO, 1992; LIMA, 1996). 
A cunca ou túbera do umbuzeiro é usada para matar a sede humana e também é comestível, sumarenta, de sabor doce e agradável, podendo servir, também para a elaboração de doce caseiro. O fruto maduro (umbu ou imbu) é rico em ácido ascórbico (vitamina C), contendo entre 14,2 mg (fruto maduro) e 33 mg (fruto verde) por 100 cc (BRAGA, 1960; LIMA, 1996). 

O fruto é pequeno e arredondado, de casca lisa ou com pequenos pelos, que lhe conferem uma textura levemente aveludada. Com cheiro doce e sabor agradável, levemente azedo, o umbu tem a coloração verde-amarelada. Grande parte da sua composição é aquosa e possui consideráveis propriedades nutricionais, sendo rico em vitamina C. 
É muito apreciado para consumo humano in natura ou beneficiado, na produção de polpas de fruta, sorvete, geleias e doces. Vale salientar que o fruto maduro dura no máximo dois ou três dias, o que dificulta o consumo in natura. O fruto e a folha do umbuzeiro também são utilizados na alimentação animal. As raízes do umbuzeiro, em formato de batatas, podem ser utilizadas na culinária popular e apresentam um sabor adocicado. As populações tradicionais utilizam o suco da raiz nos casos de escorbuto, doença que tem como sintomas hemorragias nas gengivas em decorrência de carência grave de vitamina C. 

Em períodos de estiagem forte, a água armazenada nas raízes pode ser consumida por pessoas e animais. Ainda se atribui a ela propriedades medicinais antidiarreicas. a água das “batatas” do umbuzeiro é rica em vitamina C e sais minerais e tem propriedades medicinais. Na medicina caseira é usada contra diarréias, verminoses e escorbuto. O chá da casca é recomendado contra diarreias e outras moléstias. Entre os índios kariri-shoko, o decocto da casca é conhecido como anti-hemorrágico e indicado na prevenção contra o aborto. 

O chá da casca ou das folhas é usado como calmante. 
As cascas são usadas no tratamento da córnea (CAMPELO; RAMALHO, 1989). 

Que horas ela volta?
Não poderia me abster de fazer uma pequena reflexão sobre o universo feminino, quando falamos do Umbu, pois este fruto tão tipico da região nordeste também é um exemplo de força e coragem, símbolos claros das mulheres que lutaram por sua emancipação.
Grupo de Mulheres da Coopercuc

O trabalho domestico feminino permaneceu por muito tempo na invisibilidade e ignorado; esta tarefa era a sustentação do lar patriarcal, ao estilo português, e as marcas da escravidão, permaneciam fortes neste território, cabendo as mulheres e principalmente as negras as principais atribuições. 
A passagem da mão-de-obra escrava para a livre decorreu de um processo de elaboração do "conceito do trabalho positivo”, a partir de uma nova política de disciplinarização dos agentes sociais, com vistas a acabar com a visão de que os trabalhos manuais ou que demandavam esforço físico depreciavam socialmente aqueles que os exerciam. 
O fim da escravidão colocava em questão o problema da continuidade da mão-de-obra, que teria agora que adquirir uma valoração positiva, articulando-se aos novos conceitos de ordem e progresso propagandeados pela ordem republicana. 
Até o início do período imperial, em 1822, não havia preocupação com a educação formal feminina na colônia. 
O pai tinha autoridade absoluta sobre todos, sua palavra era a lei. 
A escolha das profissões e os casamentos para os filhos, segundo as conveniências eram determinadas pelo patriarca quem também determinava como seria a vida e as funções de todos que eram próximos a ele, a mulher, branca rica desempenhava, via de regra: Papel de importância na organização e supervisão das atividades que se desenvolviam no lar. Atividades estas, não restritas apenas àquilo que hoje designamos de domésticas o trabalho da cozinha, mas também a fiação, tecelagem e costura, bem como as confecções de rendas e bordados, a alimentação dos escravos, o serviço dos arredores da casa como jardim, pomar, criação de animais domésticos e, sobretudo, o cuidado das crianças.

A historiadora Mary Del Priore no livro “História das Mulheres no Brasil” no capítulo intitulado “Mulheres na sala de aula”, essa ideia é reforçada: As habilidades com a agulha, os bordados, as rendas, as habilidades culinárias, bem como as habilidades de mando das criadas e serviçais, também faziam parte da educação das moças; acrescida de elementos que pudessem torná-las não apenas uma companhia mais agradável ao marido, mas também uma mulher capaz de bem representá-lo socialmente.
[...] Sua circulação pelos espaços públicos só deveria se fazer em situações especiais, notadamente ligadas às atividades da Igreja que, com suas missas, novenas e procissões, representava uma das poucas formas de lazer para essas jovens. (LOURO, 2008, p. 446).

A cozinheira de Forno e Fogão era a elite entre as domesticas, elas detinha um conhecimento maior de receituários diversos de pratos mais elaborados, fazendo com que se distinguisse no mercado com mão de obra sem qualificação. 

Um exemplo clássico é a de Dona Flor, personagem do livro de Jorge Amado, que no início da década de 1940 era
Cena do filme Dona Flor e seus dois Maridos
professora de culinária em Salvador, e sublimava a presença de Vadinho, farrista, jogador, mas grande amante. 

Dona Flor, ensinava as moçoilas casadoiras, a terem um comportamento exemplar e dócil, de apoio ao marido perante a sociedade. 

Outro bom exemplo na Bahia, foi o Instituto O Instituto Feminino da Bahia foi inaugurado em 05 de outubro de 1923, como uma instituição filantrópica voltada para a educação e o desenvolvimento de mulheres, no convívio social:obra de proteção à moça que trabalha. Seus fundadores eram Henriqueta Martins Catharino (1886-1969) e Monsenhor Flaviano Osório Pimentel, falecido em 1933. 

Leia também: Da brasa ao microondas: a cozinha no brasil 

Fogões, Pratos e Panelas: poderes, práticas e relações de trabalho doméstico. Salvador 1900/1950 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Práticas sustentáveis que podem gerar economia para pequenas empresas familiares

Baiano que é baiano, não se aperta na cozinha, o Chef Alan Borges, fez universidade de gastronomia em 2010, e vive no bairro do Calafate um bairro popular de Salvador, uma comunidade a 12 km de Salvador que aprendeu a valorizar a história e a cultura locais. 


A Associação de Mulheres do Calafate, criada para combater a violência doméstica na comunidade, tem a ideia de desenvolver um pólo de turismo alternativo surgiu da . 
Hoje, o visitante que chega não pode deixar de ir à Casa da Memória e provar a feijoada de amendoim, uma especialidade do Chef Alan que usa produtos locais para cozinhar, sendo que a estrela do seu cardápio é o Amendoim, sim ele desenvolveu uma receita que já fez fama, a Feijoada de Amendoim! 

A Feijuca do rapaz é deliciosa e famosa, já tendo participado doPrograma Como Será, da Rede Globo. 






Práticas sustentáveis que podem gerar economia para empresas 
Alberto Viana, turismólogo por formação, coordena as paginas Turismo por um mundo melhor, e Turismo de Base Comunitária, espaços de informação sobre lugares inusitados e fora da rota clássica das férias dos brasileiros. 
O blogueiro garante que quem faz esses passeios não se arrepende, onde alem de conhece um monte de gente bacana ainda contribui com o comércio local das pequenas comunidades. 
Os turistas que mais acessam o site são os norte-americanos. Em seguida, os brasileiros. Mas tem gente de todas as partes do mundo à procura de informação sobre esse tipo de turismo. 
— As pessoas podem passar de um dia a cinco meses morando numa comunidade e, com isso, contribuindo financeiramente e participando ativamente das atividades produtivas do dia a dia, nas áreas de saúde, produção, educação, articulação comunitária — explica Alberto. 
Na comunidade do Calafate, a 12 quilômetros de Salvador, vivem cerca de 6 mil pessoas. Lá, o crescimento desordenado trouxe, entre outros problemas, a violência. 
Por muito tempo, ficou conhecida por frequentar as páginas policiais dos jornais. Mas, 11 anos atrás, um grupo de mulheres resolveu inverter a história da região. 
As frequentadoras do coletivo Mulheres do Calafate passaram a usar uma casa centenária da comunidade para reunir, ali, um acervo de imagens e textos para contar a história do local. O coletivo montou um roteiro turístico, mobilizaram os moradores e já receberam turistas de todos os cantos do mundo. 
— Hoje temos pessoas que não sentem vergonha de dizer que moram no Calafate — diz Marta Leiro, autônoma que ajuda a organizar os passeios turísticos. 

 Aprenda a preparar a receita de Feijoada do Chef Alan Borges, aqui.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Cozinhar é Reinventar-Marron Glacê de Caroços de Jaca

Cozinhar, muitas vezes, significa reinventar, aproveitar elementos que poderiam ser descartados e dar novas texturas e sabores, vamos falar hoje dos Bagos ou Caroços de Jaca. 

Poucas pessoas sabem mas, os caroços da jaca são comestíveis. As propriedades são semelhantes às da polpa, entre elas, alta concentração de ferro e de complexo B, prevenindo anemia e mantendo o bom funcionamento do metabolismo. 
Cozidos, os caroços são mais saborosos que o pinhão, de sabor mais delicado e textura bem macia. Colhidos com a fruta ainda não madura por completo, têm sabor neutro, indicados para o preparo de receitas salgadas, já os caroços das jacas maduras, são mais indicados para receitas doces.

Reinventando o Caroço de Jaca como Castanha Portuguesa 
Feito a partir da castanhas portuguesas e muito açúcar, o Marron Glacé é um doce requintado inventado pelos italianos e consagrado pela culinária francesa. Justamente por ser tão sofisticado (e caro), no Brasil ganhou uma nova receita –
feita com batata-doce e com textura parecida com a de goiabada – muito diferente da original. 
No Brasil dá para fazer com a castanha portuguesa, mas alem de difícil encontrá-la o preço não é nada convidativo, dai recebi esta receita da Ana Nascimento Couto
Confesso que não provei a receita, mas me parece muito engenhosa, a ideia de transformar algo que seria descartado em um delicioso Marron Glacê. 
Para quem não sabe, o Marron Glacé é doce era originalmente feito na França com castanha do tipo chatâigne, de tamanho
médio. Atualmente é mais comum usar a portuguesa. 
Depois de envolvida nas diversas camadas de açúcar, a castanha fica bem grande – do tamanho de uma marron (da qual não se faz o doce). “Daí o nome marron glacé ou castanha glaçada”é o casamento perfeito entre o sabor da castanha, do açúcar e da baunilha. Segredos para essa receita? Apenas respeitar o tempo. “O açúcar é muito delicado, precisa de tempo para secar e ficar saboroso”, afirma. 
Marron Glacê de Caroços de Jaca 
Ingredientes: 
Caroços de 1 jaca pequena 
2 litros de água 
700gm de açúcar 
1 colherinha de sopa de essência de baunilha ou uma vagem de baunilha 
3 colheres de sopa de Chocolate em pó meio amargo 
Modo de Preparo:
Lavar os caroços da Jaca e colocar em panela de pressão com o açúcar, a água e a baunilha, deixar cozer por cerca de 40 minutos depois de apitar. Deixar esfriar, abrir a panela e tirar os caroços, reservando a água. Pelar os caroços, e transformar tudo num purê cremoso, adicionando o chocolate em pó, voltar ao fogo até desprender da panela. Formar bolinhas em formato de Castanhas Portuguesas Deixar reduzir o liquido até metade, num ponto de bala fraca e ir passando as bolinhas, peneirar açúcar glacê e deixar secar.

Bolo de Fubá com Ricota-Você sabia que existem alimentos inflamatórios e anti-inflamatórios?

Alimentos inflamatórios e anti-inflamatórios 
Já sabemos que a boa alimentação é indispensável no tratamento das doenças inflamatórias intestinais e hoje vamos dar mais dicas para melhorar o hábito alimentar e, consequentemente, melhorar a saúde. 
 Você sabia que existem alimentos inflamatórios e anti-inflamatórios? 
Sabe o que significam e o impacto que podem ter? 
Então vamos explicar! Alguns alimentos possuem substâncias irritantes, inflamatórias e isso pode gerar um processo inflamatório, pois o corpo dá sinal ao sistema imunológico de que é preciso atuar contra essas substâncias e eliminá-las. 

E pensando pelo nosso lado: como o próprio nome já diz, doença inflamatória intestinal é uma inflamação no intestino e, então, um alimento inflamatório pode até mesmo piorar essa situação. Por outro lado, também existem os alimentos anti-inflamatórios, que poderão ajudar a tratar a inflamação. Mas veja bem, não estamos dizendo que esses alimentos vão curar a inflamação do intestino. Eles podem ajudar a amenizá-la e, com isso, ajudar também a manter a doença em remissão por mais tempo, a fazer com que a crise seja mais branda, a ter uma recuperação mais rápida etc. Hoje em dia já existe uma tabela que classifica o tanto que o alimento é inflamatório ou anti-inflamatório. Chama-se fator inflamatório. Iremos separar os alimentos por grupos para facilitar, então vamos a eles! Alimentos inflamatórios Esses alimentos provocam inflamação nas células que, inflamadas, não eliminam toxinas. Para se defender, o organismo responde com mais inflamação. Além do efeito óbvio de poder aumentar a inflamação no organismo, tem outros efeitos negativos como inchaço e ganho de peso. Portanto, esses são os alimentos que nós devemos evitar ou consumir em pequenas doses. Uma outra dica é que quando você for ingerir algum alimento inflamatório, dê uma olhada na lista para não ingerir nenhum outro, e também tente associar a um alimento anti-inflamatório. Os alimentos inflamatórios tem o fator inflamatório (FI) negativo. Quanto maior o FI negativo, mais inflamação o alimento causa. Quando for comer algum alimento desses grupos, prefira os que tem valor de FI negativo mais baixo. Iremos colocá-los em ordem decrescente, ou seja, do pior pro melhor. Carboidratos: Arroz parboilizado: -123 Arroz integral: -103 Aveia: - 84 Batata: -70 Pão de forma integral: -72 Macarrão integral: -33 Bom, aqui podemos perceber que os alimentos integrais são mais saudáveis nesse quesito “inflamação” também, pois tem menor fator de inflamação. Proteínas: Carne de porco: -133 Bacon: -99 Ovo: -43 Peito de peru: -16 Peito de frango: -9 Bife magro: -2 B

Ingrediente: 
1 pacote de 100g de coco ralado; 
3 ovos; 
2 xícaras de chá de açúcar; 
1 xícara de chá de fubá; 
1 xícara de chá de farinha de trigo; 
2 xícaras de chá de leite; 
2 colheres de sopa de manteiga; 
1 xícara de chá de ricota; 
1 colher de sopa de fermento em pó.

Modo de  Fazer: 
Bata as gemas com a manteiga e o açúcar, acrescente o leite alternado com o fubá e farinha de trigo. Misture a ricota, o fermento o o coco ralado e, por ultimo as claras em neve. Leve para assar em uma forma untada em forno preaquecido.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Cozinha Lusófona-Micate Angolano

Micate é o nome de um bolinho africano, típico em Angola, Moçambique e demais países africanos, similar a um Bolinho de Chuva, também se parece com os “Sonhos” aqui do Brasil. 

Embora não haja uma única variedade de Micates, em sua acepção mais generalizada o micate se parece ao “sonho”, sendo um doce frito (ou cozido), “feito com massa de farinha de mandioca ou de arroz, coco ralado e leite de coco“. 
A palavra micate terá entrado no português por alguma das várias línguas africanas bantas, uma vez que variações de “micate” são encontradas nas línguas de vários países africanos: na língua lingala, falada no Congo, chamam-se mikate, nome que acabou entrando na língua francesa, ao lado do sinônimo “beignets congolais” (“sonhos congoleses”).

Em quicongo, os bolinhos são chamados “mikati” . Em suaíli (swahili), língua franca de grande parte da África oriental, mkate significa “pão”(com o plural mikate, “pães”). Dos grandes dicionários lusófonos atualizados, apenas o da Porto Editora registra “micate” (substantivo masculino) – estranhamente, porém, como “moçambicanismo” (embora seja amplamente usado também em Angola e nos demais países africanos de língua portuguesa), e indicando tratar-se de bolo cozido, não frito. 

Um Dia no Mercado do *Imbodeiro

Uma visita ao mercado em Luanda, nos permite, conhecer melhor a dieta de uma comunidade. complementando o observado nas residências. A base da alimentação da comunidade bakongo em Luanda continua a ser o funge, um pirão espesso feito da fina farinha de mandioca, a fuba. 
A fuba prepara-se com a mandioca amolecida na água e seca no sol. Depois ela é posta a moer. 

O funge é preparado com a fuba cozida na água fervente, mexida vigorosamente com uma colher de pau específica para desfazer os caroços do cozimento. Come-se com qualquer comida com bastante molho, seja peixe, frango, carne, miúdos ou mesmo uma verdura, como a couve ou a kizaca (folha de mandioca) picadas e cozidas no óleo de palma. 
O óleo de palma, conhecido entre nós como azeite de dendê, é também a gordura básica da cozinha kongo, apesar do uso crescente do óleo de soja, mais usado para as comidas introduzidas depois, como macarrão, arroz, cozidos e frituras em geral. É rotineiro o uso de folhas como a couve, a kizaca e a fûmbua, sempre cozidas. 
Outro produto muito apreciado, embora caro e servido em dias especiais, é a semente de abóbora, mbika com a qual se faz um bolinho cozido, que acompanha outros pratos com molho. Pouco se come vegetais crus na forma de salada. Paulatinamente, vai se acrescentando na dieta dos bakongo de Luanda, as comidas ditas ocidentais, como massas, batatas fritas, cozidos, enlatados, embora com muito menos freqüência do que a população luandense em geral. Uma característica destas praças de bairro é a venda a retalho, em unidades bem pequenas. 
As mulheres compram os ingredientes para fazerem o jantar a cada dia, pois não têm dinheiro suficiente para compras semanais e também não têm formas seguras de armazenamento, pois ainda que possuam geladeira, não há garantia de que haverá energia para mantê-las ligadas. Assim, é comum a venda de óleo em pequenos saquinhos amarrados na ponta, um ou dois tabletes de caldo de galinha, montinhos com quatro ou cinco dentes de alho e metade de uma pequena latinha de extrato de tomate fechada com um pedaço de plástico. O mercado é, sobretudo, um lugar de mulheres, tanto as que vendem, como as que compram, especialmente no caso de um mercado mais voltado para as necessidades domésticas. 
Os jovens se restringem à venda de equipamentos eletrônicos, fitas de música e vídeo, à guarda e conserto de carros e mais recentemente à troca de dinheiro (que antes era uma atividade quase que exclusivamente feminina). As crianças e adolescentes de ambos os sexos ajudam as mães. 
A presença de homens geralmente é minoritária na clientela, mas presente entre os indesejáveis agentes da administração, que cobram pela licença das vendedoras (sem oferecer qualquer serviço como limpeza e manutenção do largo), além de (poucos) policiais. Há mercados de vários tipos e tamanhos em Luanda. 
Temos os grandes mercados, onde o Roque Santeiro, considerado um dos maiores mercados ao ar livre de África, aparece como o mais emblemático. 
O “Roque” está localizado contíguo ao porto de Luanda, lugar estratégico, pois originalmente era abastecido pelo contrabando e roubos da carga chegada ao porto. Atualmente o Roque se alimenta também de parte das mercadorias desviadas do porto e de armazéns, fugindo do pagamento de impostos, lembrando que Angola, cuja economia é movida pela produção de petróleo, ainda importa a maior parte de seus bens de consumo, inclusive alimentos. Na área centro e sul de Angola faz-se o funge partir da farinha de milho branco (fuba de milho). 
Na parte norte, incluindo O Roque Santeiro, junto com grandes armazéns e entrepostos comerciais abastecem os mercados menores da cidade, embora também venda mercadorias a retalho. O Mercado dos Kwanzas, no bairro da Mabor, outro mercado importante, porém bem menor que o Roque, também é suprido pela carga chegada aos portos e dos entrepostos e alimenta os pequenos mercados. 
Dentro dos bairros encontramos os mercados ou praças locais, que atendem basicamente a população ali residente, como o mercado do Imbondeiro. Um mercado deste tipo é dividido por várias seções: carnes, horti-fruti, não perecíveis, produtos de higiene, de limpeza doméstica, roupas, farmacêuticos, bebidas, equipamentos e produtos eletrônicos além de material de som e vídeo. 
Há espaço também para as pequenas praças, bem menores que os mercados de bairro, que atendem as vizinhanças das ruas em torno e contam com produtos alimentícios e de higiene e limpeza doméstica básica. As mulheres contam ainda com produtos vendidos na porta da casa de algumas vizinhas, como a fuba e óleo de palma e produtos de consumo imediato como o micate (bolinho frito), biscoitos, pedaços de fruta, grelhados, kikwanga, etc. As vendedoras recorrem aos mercados maiores para a compra dos produtos que vendem nos mercados menores. Sendo muito baixa a capacidade de investimento, pouca oportunidade elas têm de obter descontos maiores para a compra. O prazo e o crédito praticamente inexistem. Assim, elas não conseguem formar um estoque que lhes garanta uma maior produtividade e baixos também se tornam seus lucros. Provavelmente quanto menor é o mercado ou praça, menor é o lucro destas mulheres, apesar delas estarem mais próximas de casa e com mais facilidade para dividir seus afazeres do lar com a atividade de comércio. 

*O embondeiro, também conhecido como baobá, é uma grande árvore de tronco bem espesso, embora de pouca sombra. É uma árvore típica da savana africana e é associado à ancestralidade, constituindo-se um dos símbolos da África. 
Essa é uma característica importante da comunidade bakongo, um hábito trazido do meio rural. 
Os bakongo fazem normalmente três refeições diárias. O café da manhã em Luanda consiste geralmente de chá e pão, sendo que muitas vezes se aproveita frio a sobra do jantar. O almoço não é refeição importante. Come-se qualquer coisa, uma fruta, jinguba ou um almoço ligeiro, muitas vezes de forma individual à medida que cada pessoa chega em casa e sente fome. Exceção é feita às crianças às quais se oferece comida de forma mais programada. O jantar é preparado ao cair do dia, de modo farto e apreciado em família. Leia o ótimo trabalho "Os Bakongo de Angola: religião, política e parentesco num bairro de Luanda" de Luena Nascimento Nunes Pereira

Micate Angolano
Ingredientes 
2 ovos 
¾ de xícara (chá) de açúcar 
2 colheres (sopa) de manteiga 

½ colher (chá) de sal 1 colher (sopa) de fermento em pó 
1 xícara (chá) de leite 2 xícaras (chá) de farinha de trigo 
Óleo de canola para fritar 
Açúcar e canela em pó para polvilhar 
Modo de preparo 
Numa tigela, junte os ovos, a manteiga, o açúcar e o sal e misture muito bem. Acrescente alternadamente à mistura o leite e a farinha de trigo. Mexa sempre com uma colher. Junte o fermento e misture bem. Numa panela média, coloque bastante óleo. Leve ao fogo alto para aquecer. Quando o óleo estiver quente, abaixe o fogo. Com 2 colheres (sobremesa), modele os bolinhos. Encha uma das colheres com a massa. Passe de uma colher para a outra, até que a massa fique com um formato arredondado. Com cuidado, coloque pequenas porções de bolinhos no óleo quente. Deixe fritar até que os bolinhos fiquem dourados. Com uma escumadeira, retire os bolinhos. Coloque sobre um prato forrado com papel-toalha. Num prato fundo, coloque açúcar e canela em pó e misture bem. Passe os bolinhos por essa mistura até envolvê-los completamente. Sirva a seguir. Rendimento: 20 porções Bom apetite!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Scoville criou uma escala para medir a pungência do ardor das pimentas

Se terremotos e explosões nucleares podem ser medidos, comida picante também. 
Wilbur Scoville
Esta foi a ideia de Wilbur Scoville Lincoln, um químico americano que criou o Scoville(também chamado de teste organoléptico de Scoville) escala em 1912 para calcular a potência do pimentão picante mais indigesta. 
O método usado para fazer a escala era relativamente simples, mas não é recomendado se você não jogar em casa está bem abastecido com uma boa carga de sais de fruto. Basicamente, Scoville pediu a várias pessoas que bebessem pequenos goles de água com açúcar misturado com diferentes concentrações de extratos de chili. Então ele perguntou-lhes o que a concentração começou a detectar o picante. 
 Nascido em Bridgeport Connecticut em 22 de janeiro de 1865, Wilbur Scoville Lincoln era um químico, o premiado pesquisador, professor de farmacologia e o segundo vice-presidente da American Association Farmacêuticos, conhecido por testar o grau de pungência (picância ou ardência) de vários tipos de pimenta. É o criador do teste conhecido atualmente como Teste Organoléptico de Scoville . 
Um de seus livros, The Art of Compounding, publicado nos Estados Unidos a partir de 1895, rendeu 8 edições americanas e foi usado como referência no ramo da farmacologia até os anos 1960. 
Em 1922 Scoville recebeu o Prêmio Ebert e em 1929 a Medalha de Honra Remington, ambos conferidos pela Associação Americana de Farmácia (American Pharmaceutical Association, ou APhA). 
Em 1929 Scoville também recebeu o título de Doutor honoris causa em Ciências pela Universidade de Columbia. 
 O teste de Scoville, na verdade, a medição da concentração de uma substância que é o que pode fazer um picar uma pimenta, seu teor de Capscaína, também conhecida como "8-metil-N-vanilil-6-nonenamida" um presente em pimentas e pimentões molécula e que tem uma capacidade peculiar: para ativar a sensação de calor e dor a língua. 
Maria das Pimentas
Mercado do Peixe Jequitaia

Inferno na língua
Quando esta molécula é ingerida durante a refeição, ele liga-se aos receptores nervosos responsáveis na língua e ativa a sensação de calor (termorreceptores) e dor (nociceptores). Em concentrações elevadas, a capsaicina pode ser tóxico e bloquear a produção de neurotransmissores nas células. 
Além de produzir uma sensação de queimação forte na boca (pungência), é também um irritante em mamíferos. 
Acredita-se que esta é a razão pela qual o gênero Capsicum, que incidiu sobre frutos: para evitar herbívoros de comê-los. 
Além disso, a capsaicina tem a capacidade para ativar a libertação de endorfina, um neurotransmissor capaz de produzir prazer e sensação de bem-estar. Por isso, algumas pessoas são tão partidário de receitas picantes. Soluções rápidas contra picante 
Felizmente, existem várias maneiras de combater picante. Scoville foi o primeiro a notar que o leite poderia ser a melhor maneira de aliviar a terrível sensação. O leite contém caseína, uma substância que tem a capacidade de se ligar a capsaicina e bloquear a sua ligação a receptores que provocam a sensação de ardor. Se houver um copo de leite na mão, em caso de emergência, não é recomendado para beber água. A capsaicina é insolúvel em água, por isso é inútil para tomar uma bebida. 
O álcool, no entanto, é altamente recomendável, porque tem a capacidade de dissolver esta molécula, alem de qualquer substância fria dar algum alívio. 
Como último recurso, migalhas de pão ou de outro material sólido pode ser removido mecanicamente, e muito ineficaz, o excesso de capsaicina.
Canela também Pica 
A Capsaicina também está presente no orégano, canela e coentro. Para além deste, existem outros compostos pungentes: piperina, é responsável pela pimenta preta pique, e isotiocianato de alilo, a queima ativo comendo mostarda e rábano. O legado de Scoville Se Scoville levantar a cabeça, ele iria descobrir que hoje os métodos mais confiáveis ​​são usados ​​para medir o poder de comida picante. 
Em vez de recorrer a sensações subjetivas do povo, como ele fez com este produto químico, hoje recorrer a cromatografia, uma técnica que permite quantificar com muita precisão a composição química de muitas substâncias.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Com a chegada do Verão, aposte em bebidas refrescantes e criativas

Infusões necessariamente não precisam ser de folhas, aposte em criativas e deliciosas, Um super Sucesso :)
Infusões de Frutas, uma forma saudáveis hidratantes e saborosa de desfrutar das nossas Frutas de Verão 
Infusão vem do Latim Effusio, de ex-, “para fora”, mais Fusio, de Fundere, “derramar, verter” 

A infusão é um processo para a fabricação de bebidas, em geral, pela imersão de uma substância aromática em água quente ou a ferver. 
Algumas das bebidas mais comuns e de mais vasta distribuição no planeta são infusões: café chá tisana chimarrão 
O valor calórico destas infusões decorre do açúcar que a elas se acrescenta. A maneira de reduzir o valor calórico dos infusos e bebidas é adoçá-los com edulcorantes não calóricos ou de baixa caloria, transformando-os em preparações diet. Por vezes, fazem-se infusões com outros líquidos, como o álcool ou o vinagre. 
Ferve-se o solvente, e em seguida adiciona-o na droga vegetal e abafa. 
Confira 12 Ideias frescas e com produtos locais: 
1. Morangos, limão e manjericão 
2. Laranja e mirtilos 
3. Melancia e hortelã 
4. Citrinos, pepino e hortelã 
5. Morangos, lima e pepino 
6. Citrinos e coentros 
7. Abacaxi e hortelã e pimenta da jamaica
8. Framboesas, pétalas de rosa e baunilha 
9. Maracujá, Gengibre e lavanda 
10. Água fresca com kiwi e pepino 
11. Água de coco com melancia (Veja receita abaixo)
12. Champanhe de manga e lima 

Infusão de Melancia com Água de Coco 
Ingredientes
1 melancia sem sementes, em cubos (cerca de 5 xícaras) 
4 xícaras de água de coco 
2 colheres de sopa de suco de limão espremido na hora (de 1 limão médio) 


Instruções
Bata a melancia no liquidificador. Coloque uma peneira de malha fina ao longo de um jarro e despeje cuidadosamente a melancia puré através da peneira. Polpa de descarte. Mexer em água de coco e suco de limão. Frio, coberto,,mantenha no frio - pelo menos uma hora. Sirva sobre o gelo.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Bolo Olodum

Ingredientes
300g de feijão preto cozido em água 
3 ovos 
8 colheres de sopa de aveia em flocos (ou farinha) 
4 colheres de sopa de óleo de coco 
3 colheres de sopa de cacau em pó 

1/2 xícara de castanha de caju moídas 
1 colher de chá de fermento em pó 175g açúcar mascavo ou rapadura 
1 c. chá (bem cheia) grânulos de café instantâneo 
Meia c. chá fermento em pó 50g pepitas chocolate (usei negro) 
Flor de sal q.b. ou açúcar em pó, para finalizar (opcional)

PREPARO:
Cozinhe e Escorra os feijões num coador e lave-os bem sob água corrente. 
No processador coloque todos os ingredientes, à excepção das pepitas de chocolate e triture até ficar um puré completamente macio. 
Forre a forma com papel vegetal ligeiramente untado com umas gotas de óleo (base e laterais), verta o creme. Distribua as pepitas por cima e leve a forno pré-aquecido a 180º durante cerca de 25 minutos ou até que, com o teste do palito, este saia quase limpo. Retire do forno e deixe esfriar. Depois de frio, retire da forma e corte. Conserve no frigorífico. Na hora de servir, se gostar, polvilhe com um pouco de flor de sal ou açúcar em pó.

Que tal provar hoje um Carill? Não Conhece? Então não deixe de ler este Post!

O caril (português europeu, português moçambicano e português de Goa) ou curry (português brasileiro) é uma mistura de especiarias muito utilizada na culinária de países como Índia, Tailândia e alguns outros países asiáticos. 

É também um preparado típico da culinária indo-portuguesa de Goa, Damão e Diu, outrora pertencentes ao Estado Português da Índia, e da culinária de Moçambique, por influência da numerosa comunidade de origem goesa daquele país. Um dos condimentos usados tradicionalmente na Índia em vários pratos é a folha da Murraya koenigii ou "árvore-do-caril". 
O "pó-de-caril" é feito à base de pó de açafrão-da-terra, cardamomo, coentro, gengibre, cominho, casca de noz-moscada, cravinho,pimenta e canela. 
Para além destes ingredientes básicos, outros são incluídos, de acordo com as preferências: alforva, pimenta-de-caiena, cominhos finos, noz-moscada, pimenta-da-jamaica, pimentão e alecrim, entre outros. Existem caris que chegam a levar setenta plantas diferentes. Inicialmente, o caril servia para temperar exclusivamente o arroz, mas atualmente é usado para a confecção de inúmeras receitas, como o frango de caril e outras. 
A introdução da palavra 'caril' na língua portuguesa remonta a 1563, conforme o seu primeiro registo escrito e segundo algumas fontes, seria proveniente do tâmil e do malaio kari (கறி), que significa 'molho'. Segundo outras fontes, a palavra seria proveniente do concani-maratakanddhí e, por sinédoque, teria passado a designar ensopados de vegetais ou de carnes, com especiarias. Na Índia, o caril é considerado como um tipo de massala. É possível que a palavra tenha entrado na língua portuguesa através da sua forma canaresa karil, até hoje utilizada em Goa. 
A palavra curry foi incorporada à língua inglesa em 1598, possivelmente a partir do português 'caril'. Apesar da sua antiguidade, a forma "caril" é, atualmente, pouco difundida no Brasil, sendo mais usual a sua versão inglesa, curry. As comunidades nipônicas também empregam a forma 'carê'. Caril de Manga 
Ingredientes: 
2 Mangas 
2 Cebolas médias 
4 Dentes de Alho Coentros (a gosto) 
1 Malagueta (opcional) 
2 Colheres de sopa de Gengibre fresco 
1 Pimentão vermelho (não muito grande) 
8 Colheres de sopa de Óleo (de preferência de Amendoim) 600ml de Leite de Coco 
1 lata de creme de leite 
4 Manga pequena (425g) 
1 Colher de Sobremesa de Cominhos 
3 Colheres de sopa de Caril Amarelo 
1 Colher de Sobremesa de Cardamomo (opcional) 
Sal e Pimenta Preta qb 

Preparação: Comece por descascar e fatiar as Mangas, em seguida descasque e pique as Cebolas e os dentes de Alho, lave e pique os coentros (a quantidade a seu gosto), corte a malagueta em tiras (opcional), descasque e parta em pequenos pedaços o gengibre fresco até perfazer as duas colheres de sopa e por último lave e corte o Pimento vermelho aos cubos. 
Confecção: Num tacho grande, em fogo médio, coloque o Óleo, a Cebola, o Pimentão (e a Malagueta), deixe cozinhar até os legumes começarem a ficar moles e libertarem os seus sucos, cerca de uns 5 minutos, acrescente de seguida o alho e o Gengibre e deixe cozinhar por mais 5 min mexendo o tacho de quando em vez. Acrescente agora o Leite de Coco e as Mangas (as duas Mangas que foram previamente cortadas e a Manga), reserve. Envolva bem todos os ingredientes e quando levantar fervura deixe cozinhar por cerca de 20 minutos. Apague o fogo, retire o tacho para cima da bancada e triture o molho de modo a que fique um creme bem aveludado. Coloque os Cominhos, o Sal, a Pimenta Preta, o Caril e o Cardamomo no molho, envolva muito bem as especiarias no molho. (Se as especiarias não se dissolverem bem, volte a passar ) Leve o tacho novamente ao fogo até que o frango esteja cozinhado, deverá levar cerca de 10 minutos. Vá retificando os temperos, se necessário. Junte o creme de leite e um pouco de coentros (não todos, apenas um punhado deles para que possam libertar algum sabor) deixe ferver mais uns minutos, apague o lume, deixe apurar um pouco, enfeite com o resto dos coentros frescos e está pronto a ser servido.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Limão Galego e o Galeguinho

Provavelmente, o limão é a fruta mais conhecida e usada no mundo. São tantas suas aplicações na vida doméstica que fica difícil enumerá-las. Tudo nele é aproveitável. 

Com seu suco preparam-se refrigerantes, sorvetes, molhos e aperitivos, bem como remédios, xaropes e produtos de limpeza. 
Da casca retira-se uma essência aromática usada em perfumaria e no preparo de licores e sabões. enfim, muitas são as utilidades deste cítrico fácil de achar durante o ano todo, nas suas diversas variedades. Em geral, todos os tipos de limão têm aspecto semelhante, embora mudem no tamanho e na textura da casca, que pode ser lisa ou enrugada. Quanto à cor, variam do verde-escuro ao amarelo-claro, exceto uma das espécies, que se assemelha a uma mexerica. 
O limão é uma excelente fonte de vitamina C, muito importante para combater as infecções, pois aumenta a resistência do organismo. contém ainda vitamina A e vitaminas do complexo B, além de sais minerais, como cálcio, fósforo e ferro. 

O suco de limão é um ótimo tônico e bactericida, mas não deve ser tomado puro, pois pode prejudicar o estômago devido à sua acidez. Ao todo, estima-se que existam cerca de 100 espécies no mundo. Mas os tipos mais populares no Brasil, o galego e o tahiti, não fazem parte dessa lista. Na verdade, esses dois frutos não são limões. "Eles são limas ácidas, uma espécie de cítrico que reúne no máximo dez variedades no planeta", afirma o engenheiro agrônomo Ygor da Silva Coelho, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de Cruz das Almas (BA). 
As principais diferenças entre limões e limas ácidas estão no tamanho e no gosto ligeiramente diferente - os limões têm sabor um pouco mais suave. Apesar disso, as duas frutas têm origens parecidas. Provavelmente, ambas apareceram na Índia e chegaram à Europa trazidas por mercadores árabes, ainda na Antiguidade. 
"O limão verdadeiro aportou na América na segunda viagem de Cristóvão Colombo, em 1493, e logo se adaptou ao clima temperado americano. Já as limas ácidas chegaram ao Brasil com os portugueses, no século 16, e cresceram fácil no calor tropical"
O limão é verdadeiramente uma jóia da natureza. 
Pode ser considerado o rei dos frutos curativos, sendo impressionante a quantidade e variedade das suas aplicações. No entanto, tendemos a repudiá-lo, quando pensamos no seu gosto azedo, e a minimizar as suas virtudes, tanto na manutenção e recuperação da saúde, quanto ao seu valor nutricional e possibilidades múltiplas de utilização culinária. Esta atitude se instalou pela suposição de que ele é agressivo para o estômago, que pode acidificar o sangue, descalcificar e enfraquecer o organismo… 
Ora, nada mais falso e oposto à realidade. Vejamos: Propriedades 
Através de estudos prolongados, constatou-se que o uso do limão estimula a produção do carbonato de potássio no organismo, promovendo a neutralização de acidez do meio humoral. 
Efetivamente, apesar de no estado livre ter como princípio ativo o poderoso ácido cítrico, este, em contacto com o meio celular, no interior do nosso organismo, é transformado durante a digestão e comporta-se como um alcalinizante, ou seja, um neutralizante da acidez interna. 
Os seus diversos sais, por seu turno, convertem-se em carbonatos e bicarbonatos de cálcio, potássio, etc, os quais concorrem para acentuar positivamente a alcalinidade do sangue. 

Um dos efeitos notáveis do limão é, por exemplo, o de combater o ácido úrico – temível inimigo (tantas vezes letal) de muitos cidadãos quando chegam a uma idade mais “respeitável”. 
 Tomado pela manhã, em jejum (10 a 20 minutos antes do desjejum), descongestiona e desintoxica o organismo e, se usado com regularidade, erradicará por completo todos os uratos. 
Deste modo, é evidente a sua grande valia nas diversas patologias reumáticas e artríticas. 
Com efeito, a ingestão da dieta de limões (ver abaixo), aumenta na urina a excreção de ácido úrico, uréia e ácido fosfórico. Seu uso Interno (como também externo) é muito útil na regeneração dos tecidos inflamados das mucosas, reconduzindo ao estado e funcionamento normal de todos os órgãos do aparelho digestivo. 
Nas afecções gastro intestinais, os ácidos do limão destroem os germes e as bactérias nocivas que se libertam e que contribuem para gerar as ulcerações. Ainda combate as fermentações e os gases. 
É um amigo do pâncreas e, malgrado certas apreensões quanto a supostas incompatibilidades com o sistema bilioso, revela-se um expurgador e um tonificante do fígado e da vesícula. 
Relativamente ao aparelho genito-urinário, bem como ao sistema cardiovascular, é igualmente um poderosíssimo eliminador de toxinas e um tônico privilegiado. Tem, assim, ação que impede e neutraliza a proliferação das tão temidas afecções arterioscleróticas. 
Gargarejos do seu suco fresco são benéficos para todos os tipos de afecções do trato nasofaríngeo, bem como para laringites e gengivites. 
Inalado (puro ou diluído), é um bom desinfetante nas rinites e sinusites. Indicações de uso Interno . 
Asma; Enfisema (paralelamente com a terapia do limão, deve erradicar-se os regimes hiperprotéicos) . 
Infecções pulmonares, Tuberculose pulmonar e óssea, Bronquite crônica, Constipações e Gripes . 
Afecções Cardiovasculares, Varizes e Flebites . Fragilidade capilar; Dermatites várias, Prurido, Eczema e Despigmentação . 
Hiperviscosidade sanguínea (fluidificante sanguíneo) . Doenças infecciosas (coadjuvante no tratamento de mononucleoses, leucocitoses, blenorragias, sífilis, etc.) . Paludismo e Piorréia alvéolo dental . 
Febres (infusão de folhas de limoeiro e/ou cascas do fruto, podendo juntar-se o suco) . 
Gastrites, Dispepsias e Aerofagias (também se podem mastigar finas lascas da casca do citrino) . 
Úlceras de estômago e do duodeno, Esofagite de refluxo . Insuficiência hepática e pancreática; Icterícia e congestão hepática (utilização e quantidades adaptados a cada caso) . Desinteria, Diarréias, Febre tifóide e Hemorróidas . 
Colites, Meteorismo e Parasitas intestinais (ralar a casca do limão e fervê-la em água, com ou sem açúcar) . 
Fortalecedor da visão, Glaucoma e Hipertensão ocular . Hemorragias, Hemofilia e Escorbuto . Astenia, Anemias e Desmineralizações (aumenta a capacidade imunológica) . Amamentação, Obesidade e Disfunções metabólicas (reequilibrante) . 
Hipertensão arterial; hipotensão arterial (regulador da pressão) . 
Afecções do sistema nervoso (fortalece e equilibra. As flores do limoeiro são também muito benéficas) . 
Diabetes, Leucemia (preventivo), Cancro (preventivo), Enfarte (preventivo) e Tromboses; embolias (preventivo) . Escleroses, Arteriosclerose, Doenças reumáticas e Artrites . Descalcificações, Linfatismo e Ascites . 
Retenções urinárias e Litíase urinária e biliar . 
Prevenção de epidemias, Antitóxico; Antivenenos Indicações de uso Externo. 
Conjuntivites; Fortalecedor da visão (gota do suco utilizada como colírio) e Tonificante ocular (banhando os olhos, de manhã, ao levantar, com água acidulada por algumas gotas de limão) . 
Cefaléias (neste caso, colocar compressas embebidas em sumo na fronte e nas têmporas) . 
Febre do feno, Sinusites e Anginas . Hemorragias nasais (epistaxis) e Otites . Estomatites, Glossites, Aftas e Sifílides bucais . Blefarites, Terçóis e Herpes . 
Dermatoses (erupções, furúnculos, etc), Feridas infectadas e Picadas de insetos . 
Verrugas, Seborréia facial, Tônico e adstringente facial . Unhas quebradiças e Pés sensíveis (friccionar com sumo ou polpa) . 
Queda do cabelo (fazer lavagens e fricções do couro cabeludo com o sumo puro) . Tonificante corporal (juntando suco de limões espremidos à água do banho) Composição Entre os frutos conhecidos e disponíveis, é o que apresenta o mais elevado índice de radioatividade natural e benéfica (85%), sendo seguido pela uva moscatel ácida e pelo ananás (74%). Podemos dizer que existem cerca de 70 variedades. 
Todas são portadoras de uma enorme capacidade vitamínica e de dinamismo no nosso metabolismo interno. 
– Contém vitamina B1, B2 e B3, provitamina A (caroteno), que se encontra principalmente na casca e, vitamina A na polpa fresca e sumo. 
– É riquíssimo em vitamina C (40 a 50mg/100gr de fruto), que joga um papel inestimável nos fenômenos óxido-redutores, beneficiando, concomitantemente, o desempenho das glândulas endócrinas. 
Por essa razão, é indispensável a sua ingestão diária. 
– Possui vitamina PP, que age protegendo e tonificando o sistema vascular, e vitamina I que é um preventivo das pneumonias. 
– Contém grandes quantidades de sais minerais e oligoelementos como o cálcio, ferro, silício, fósforo, cobre, magnésio e iodo. 
 – Encontram-se apreciáveis percentagens de ácidos cítricos e málico, além de pequenas quantidades de ácido acético, fórmico e de citratos de potássio e de sódio. 
 – É portador de glucose e frutose diretamente assimiláveis, bem como de sacarose. 
– Contém gomas, mucilagem e algumas albuminas.
Além da aparência e do gosto, outra coisa que distingue os limões das limas ácidas é o rendimento para sucos (o das limas é um pouco melhor), mas as características nutricionais são parecidas. 
A presença de vitamina C ajuda a prevenir mais de 60 doenças e é recomendada em uma dieta saudável. 
Limão Galego
Nome científico: [citrus aurantiifolia (christm.) swingle] 
Também é uma lima ácida, menor que o tahiti e de casca amarelada quando madura. Pequeno e saboroso, o galego
está sumindo das prateleiras dos supermercados por causa de uma virose que infesta as plantações desde a década de 70. Mas, por ser considerado o melhor fruto para fazer caipirinha, a variedade ainda frequenta a mesa e o copo dos brasileiros Trata-se de fruto redondo, pequeno e muito suculento. Apresenta casca fina e lisa, de cor verde ou amarela-clara. A polpa tem de cinco a seis sementes, é rica em suco de sabor ácido, porém agradável. Bastante comum nos quintais do nordeste e centro-oeste brasileiros, onde a produtividade de frutos por pé é exuberante. A planta é de porte médio e produz muito o ano inteiro. Até recentemente era um limão muito popular, mas seu consumo foi substituído pelo limão Tahiti. 

Galeguinho
Na Bahia era uma forma afetiva de chamar os Espanhóis oriundos da região da Galicia, o Estado da Bahia foi um dos que recebeu grandes contingentes de galegos. São da segunda metade do século XIX as primeiras referências à corrente migratória Galícia-Bahia. Os dados estatísticos são imprecisos e lacunosos. 
Os poucos registros existentes dizem que, até os primeiros anos do século XX, fixaram-se na Bahia mais de 2.000 “espanhóis”, a imensa maioria proveniente da Galícia. 
Esse número é bem inferior ao real, pois, como afirmam os estudiosos do assunto, a maior parte dos ingressos não foram registrados pelos órgãos públicos. As razões que levaram os galegos a imigrar são de todos, ao menos dos colisteiros, bem conhecidas. Em Portugal é uma palavra muito preconceituosa. Galego é um termo pejorativo usado no sul de Portugal para designar uma pessoa pobre, sem instrução, fazendo um trabalho de baixa qualificação e oriunda do norte de Portugal. 
O norte de Portugal fez parte de uma província romana chamada Gallaecia (de onde vem a atual Galícia, na Espanha,galego = nativo da Galícia). Essa região nunca foi ocupada pelos Mouros/Árabes, por isso é mais comum de se encontrar lá pessoas de pele mais clara, cabelos louros e olhos claros. Ironicamente, e talvez por isso, o termo "galego" é usado no Brasil sem nenhum teor depreciativo para designar justamente alguém louro e de pele clara, geralmente descendente de alemão, polonês, holandês, italiano, ucraniano... 
Galegos na Bahia de Todos os Santos 
Os imigrantes galegos que vieram ao Brasil dirigiram-se e estabeleceram-se em vários estados (províncias) da federação. Porém, o que os levou a eleger a Bahia como destino? Para a maioria dos imigrados mais recentes, a escolha da Bahia deveu-se ao êxito conseguido pelos primeiros que para essa região se dirigiram. Em visitas às aldeias de origem, os imigrantes ostentavam uma situação econômica privilegiada e faziam relatos sobre as maravilhas da Bahia e as vantagens da imigração. Pelo prestígio social que passavam a desfrutar, conseguiam influenciar parentes e vizinhos. Para a Bahia vieram, predominantemente, os galegos de cinco consellos da região de Pontevedra, a saber: Fornelos de Montes, Ponte Caldelas, Pontevedra, A Lama e Paços de Borbém. 
A viagem dos galegos que vieram no final do século XIX ou começo do XX era, em geral, financiada por um parente, amigo ou vizinho que já estava estabelecido na Bahia, para ser reembolsa posteriormente. 
Não havia nenhum impedimento para que menores de idade viajassem e nenhum compromisso era firmado pelos que se interessavam em suas vindas. Não tinham nenhum responsável, mesmo que viessem com apenas 11 (onze) anos de idade. Saiam pelo porto de Vigo, mal instalados e mal alimentados. Suportavam tudo na esperança de acumular riqueza em curto espaço de tempo e retornar à Galícia. Na Bahia, porém, descobriam que a vida lhes revervava grande sacrifícios e caiam por terra as ilusões de enriquecimento fácil. Embora boa parte dos galegos que vieram para a Bahia tenham sido bem sucedidos, isso só se deu à custa de muitos anos de trabalho. O mais curioso é que, apesar de serem originalmente lavradores, na Bahia os galegos foram bem sucedidos no setor comercial urbano. 
(Resenha de “A Imigração Galega na Bahia”, de Maria Del Rosário S. Alban, pub: Centro de Estudos Baianos)
Receita do Galeguinho

Ingredientes: 
6 limões Galegos 
1 raiz grande de Açafrão da terra 
1 litro de álcool de cereais (95 graus) 
1 litro de água 

1kg de açúcar 

Modo de fazer:
1. Lave bem os limões. 
2. Seque e descasque bem fino, sem incluir a parte branca (que deixa um sabor amargo). 
3. Coloque as cascas em um vidro com tampa e misture com o álcool de cereais. 
4. Deixe descansar em lugar escuro e fresco (pode enrolar em um pano preto) por 40 dias 
5. Ao término desse período, leve ao fogo a água e o açúcar, para fazer a calda, deixando ferver e dissolver o açúcar. 
6. Separar as cascas e bater a raiz de açafrão, coar o líquido e juntar a calda. 
7.Deixar mais 10 dias reservado 
8. A partir desse período, colocar mistura já coada em garrafas finas. 
9. A cor fica maravilhosa, um amarelo brilhante e intensa, servir misturando vinho branco frizante e tirinhas de limão.