segunda-feira, 29 de setembro de 2014


Sem muita mumunha, Alteridade foi o que se viu, a cidade é o espelho das pessoas que nela habitam, e foi só alegria nas ruas da Bahia com a chegada da primavera e com tanta comida gostosa.


Finalmente ela, a Comida baiana e seus artífices, mostraram a força e a beleza de uma das mais ricas gastronomias do Brasil, que voltou a ressurgir em grande estilo, e o melhor de tudo, na rua, o simbolo da democracia e da liberdade.

Muita historia passou desde 2012, lembro em tantas conversas, sobre o quanto seria importante uma feirinha gastronômica na cidade. O lançamento do International Guide Bahia, era a chave para esta desconstrução.
Muitos jovens Chefs, alguns que eu nem conhecia, agitavam a cena local, alguns com nitrogênio liquido, outros com esferas, aff, o mundo mudava seus conceitos e a Bahia, não estava fora de compasso.

Por diversas capitais do Brasil e do mundo, meio que de forma simultânea, a Gastronomia, estava em ebulição, um caldeirão fervente, que apontava para todos os lados e sentidos, o mundo se movia, e o alimento era a mola propulsora.

A cozinha, saiu dos fundos da casa, e mostrou-se uma ferramenta eficaz de luta, de dizer não ao conservadorismo do pensamento, onde o Chef é figura chave, nesta mudança, e estávamos todos nós por lá novamente e em muito maior numero, em 2014, no lançamento do Guide, jé eramos muitos e mais fortes, uma festa linda, sempre unindo a grande musica baiana, pilotada por Moraes Moreira, que deu seu recado e sinalizando que a "energia pura do baiano" estava viva e queria mais.

E o "Chame Gente" funcionou mais uma vez, talvez como um mantra, um batuque de nagôs, todo mundo veio ver  tradicionais ou moderninhos e também a senhora do bairro, todos queriam provar as iguarias apresentadas pelos Chefs, todos queriam provar o sabor, pois ele é muito maior, quando é acessível e compartilhado por todos, pois juntos, desfrutamos melhor.
Mas faltava algo; o espaço se fazia exíguo, e não só o físico, os Chefs queriam muito mais, e a cidade também; Cidade que tem na festa e na alegria um dos pilares da sua forma de ser, Faltava retomar a rua.

E foi o que fizemos..

A diversidade e o respeito a ela, foi outra marca importante da Bahia e da feira, a criatividade rolou solta, e deve rolar muito mais, livre de regras e muitas convenções os Chefs tiveram liberdade de fazer o que te dava na telha, ou nas caçarolas. "Deu de um tudo", em bom baianés, de Buraco Quente, a Xinxim de Bofe, de Bobó de Camarão a Helado de Paila, doces Ligths, Diets, Orgânicos
dentro da maior harmonia
‪#‎AFEIRA‬, representa algo muito maior, algo que nós foi roubado, e que perdurou, esta sensação de perda se refletiu durante muito tempo na garganta dos baianos, uma gente amistosa e que já demonstrou ao mundo que sabe viver.
Tomar a rua de volta, fazer saber que este é nosso lugar, desafogar as tensões urbanas de forma criatividade e espontânea, conectar urbanismo, arte de rua e comida, humor e ativismo.
Isto foi o que se viu na Festa de Inauguração da nova Orla da Barra, seguida pela Festa em homenagem a Primavera. 

A gastronomia de um pais, um estado uma cidade, demonstra a evolução de sua gente, a pulsação com que todos  abriram os braços para receber a Feira, foi uma alegria para todos nós Chefs e pessoas envolvidas com alimentos na nossa cidade, e esta alegria deve permanecer, em nome de uma cidade mais humana e para todos, e Chame Gente :)
-- 

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Em terra de Chefs, quem tem um olho dita as regras!!


Cultura, tem por definição muito básica o conjunto de conhecimento adquirido; a instrução, o saber; conjunto das estruturas sociais, religiosas, etc., das manifestações intelectuais, artísticas, o que torna muito abrangente, dando lugar as mais diversas interpretações pensando assim quando estamos inseguros, abrimos a porta para toda serie de vaidades sejam mostradas.
Somos uma cultura que valoriza a imagem, o titulo, mesmo que o nosso sistema educacional seja um lixo, o ensino esteja da forma que estamos acostumados a ver, e despreza os conhecimentos empíricos, os que são fruto das vivencias, cultuamos o discurso único numa clara paixão ao conhecimento carimbado, à verdade, mas que verdade estamos nos referindo??

Ouço sempre a mesma ladainha, de que pessoas que não são do ramo falam em nome da gastronomia, com total liberdade sobre esta assunto, mas me pergunto, o que é ser do ramo, se todos nos comemos, bebemos e nos relacionamos com a alimentação cotidianamente, nada mais Democrático?

E se ha uma permissividade nesta questão, se existe "culpa" não deve ser de quem fala,e sim de quem ouve e aceita de bom grado esta informação.
Sinto e vejo, muita gente falando sobre o assunto, e uma das coisas que mais me chamam a atenção é que sempre estão prontas para ditar uma regrinha, uma normativa, os cozinheiros tem que se portar assim ou assado, os restaurantes devem seguir este ou aquele, pouco propõem um olhar novo, passar informações contribuir com o engrandecimento da cultura gastronômica, reforçar elementos que despertem ao simples leitor uma paixão, não, isso não importa.

Pois temos pouca cultura gastronômica e digo isso sem pestanejar, somos diariamente bombardeados por uma propaganda que acultura, onde a comida alheia é melhor mais gostosa, mais bonita e mais Chic que a nossa, estamos falando de um discurso, que para realmente vir a mesa como forma de debate, necessita informação conhecimento e vontade. A muito a cozinha deixou de ser aquele lugarzinho intimo da casa, ele é responsável por movimentar divisas e isso ainda não foi compreendido, ou pelo menos das pessoas que produzem.

Quando realmente nos dermos conta da importância desta cultura, será quando mais pessoas se reunirem para pensar a gastronomia, quando mais pessoas tiverem acesso a cursos de melhor qualidade, quando incorporar pessoas que desejem produzir algo de qualidade, quando a criatividade tiver um status de empreendedorismo, quando um discurso "conceito" for cientificamente comprovado, e de acordo com realidades, ai sim estaremos preparados para julgar uma fala coerente, no mais vamos seguir dando ouvidos, ou idolatrando o sabor (ideológico) do momento.

A Foto: A Cozinha do artista David Teniers ano 1646, Bélgica, estilo Barroco
Gênero: pintura de gênero
Técnica: óleo
Material: lona
Galeria: Hermitage, de São Petersburgo, na Rússia